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Entrevista (#10) a Sérgio Sousa

Sérgio Sousa é atualmente jornalista na estação de televisão mais badalada em Portugal no que toca a desporto. Tal como os seus colegas de estação Nélson Pereira, Rui Miguel Mendonça e Miguel Prates tem variadas funções no canal, desde apresentação de notícias (pivot) a ter conversas informais (como ele próprio o diz) no Reverso da Medalha. O meu muito obrigado ao Sérgio Sousa pela entrevista concedida e, aos leitores, espero que gostem desta entrevista. 10 meses de Crónica Futebolística, 10 entrevistas, 10 perguntas. Vá, vamos ao que interessa:



1. Para introduzir este bloco de questões, diga em poucas palavras o que o levou a aceitar este pedido de entrevista.

Espreitei o blog. Achei, desde logo, que se trata de uma boa iniciativa, em bom português. Revela maturidade para um jovem da idade do Luís. Acho importante apoiar quem tem gosto pela escrita desportiva.

2. No EURO emoções referiu que a sua primeira experiência num estádio de futebol foi na Luz, num Portugal 5-0 Escócia. Qual foi a sensação? É algo que ainda hoje o marca como um acontecimento especial?

Não foi a primeira vez que vi um jogo ao vivo mas foi a primeira experiência num encontro da seleção nacional. Naquela altura, as pessoas estavam mais distantes da seleção do que dos respectivos clubes. Foi um jogo marcante por ter sido, de facto, aquele que puxou a paixão pela selecção portuguesa. E, também, por um conjunto de acontecimentos que marcam um jovem, nomeadamente iniciar um cântico que alastra a todo o estádio ou o espírito de fair play que envolveu os adeptos portugueses e escoceses.

3. Lembra-se de quando começou a trabalhar para a SPORT.TV? Estava nervoso nessa altura?

Não estava propriamente nervoso. Já tinha experiência profissional na RTP e no Diário Digital. Mas há sempre a ansiedade de iniciar uma nova aventura profissional, integrado numa nova redacção. Afinal, estava no local ideal para quem gosta de televisão, desporto e jornalismo...

4. Qual é, a seu ver, a sua melhor recordação em estúdio?

Há muitas. Mas tenho que destacar o trabalho feito no mundial 2010, na África do Sul. A preparação, acompanhamento da seleção nacional e a compilação de todo esse trabalho de equipa num programa de estúdio diário, feito num país tão especial, é marcante.

5. Qual é a parte que gosta mais no seu emprego? São as entrevistas, os debates ou algo diferente?

Gosto, essencialmente, do trabalho de pivot. Nesta altura, o programa que mais gozo me dá fazer é o Reverso da Medalha. Sou uma pessoa pouco formal. É um programa que permite revelar o meu lado mais descontraído em conversa pura com protagonistas do desporto nacional. É, também, uma forma de chamar a atenção para tudo o que é extra-futebol. Não critico a cultura futebolística do nosso país, mas critico a falta de cultura desportiva global que leva a que, muitas vezes, se desvalorizem os feitos de atletas notáveis em outras modalidades.

6. Fora de estúdio, certamente já trocou impressões com figuras públicas (uma delas foi Pelé, veja-se). Qual foi a pessoa ligada ao futebol que lhe deu mais gosto conhecer pessoalmente?

Tenho esse privilégio... de ter acesso a pessoas/figuras que sempre admirei. Seria difícil nomear toda a gente. Mas o Pelé foi, de facto, especial. Não é todos os dias que estamos perante um ícone do futebol. E fiquei surpreendido com a simpatia dele. 

7. A grande penalidade mandada à barra por Bruno Alves e o remate de Fabregas carimbaram o acesso de Espanha à final do EURO'2012. Imaginando uma passagem portuguesa, acredita que a seleção das quinas tinha condições para derrotar a Itália que se apresentou em Kiev no dia 1 de julho?

Sim, claramente! Portugal ultrapassou as dificuldades de um grupo complicadíssimo. E apanhou a melhor seleção do mundo (e, quem sabe, de todos os tempos) nas meias-finais, dando luta até ao fim. Vimos uma Itália diferente neste europeu, com uma abertura táctica enorme, por oposição ao rigor habitual do "catenaccio". Portugal poderia dar-se bem melhor com esta "nova Itália" de Prandelli do que com a tradicional forma de jogar dos transalpinos. Não chegaria ao números que Espanha apresentou na final, mas estou convencido que a seleção nacional discutiria o resultado até ao fim.

8. Desde que começou a acompanhar futebol minuciosamente qual é a equipa que lhe chamou mais atenção? 

É inevitável falar do Barcelona. Já se disse tudo e mais alguma coisa. Quem diz que é um futebol chato deveria ser internado! É, para mim, a melhor equipa de sempre, pelo menos aquela que mais prazer me deu ver jogar até hoje. 

9. Treinador e jogador de eleição para si.

Na actualidade? O treinador é indiscutível: José Mourinho. Jogadores há muitos... Analisando o duelo da moda, sou incapaz de escolher, por muito que apele ao patriotismo, entre Cristiano Ronaldo e Messi.

10. Por fim, tenho que lhe perguntar o que tem a dizer a aspirantes jornalistas ou repórteres que querem seguir pisadas semelhantes às suas.

Acima de tudo paixão pelo desporto, pela profissão, sem esquecer algo fundamental que, por vezes é descurado... Escrever em bom português! Preparem-se bem para cada trabalho, cultivem a vossa cultura desportiva e tenham uma grande disponibilidade e dedicação à profissão. O resto vem por acréscimo...

Questões: Luís Barreira (Crónica Futebolística) | Respostas de Sérgio Sousa: 15 de outubro

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